"O amador é a minha vida e eu faço isso com amor", declara árbitro Ricardo Fontes
árbitro Ricardo Fabris Fontes (ao centro) em atuação pela LBFA Imagem: arquivo pessoal |
Com 36 anos de idade, Ricardo Fabris Fontes é um árbitro que atualmente está afastado das competições de futebol amador da cidade de Bauru. Dificilmente há alguém, envolvido na modalidade, que ainda não o conheça ou sequer tenha ouvido falar dele.
Há 17 anos dedicando-se ao esporte e carregando consigo a experiência de mais de 20 finais de campeonato, Ricardo quer voltar a apitar em 2016 seja qual for a competição. Como ele mesmo resume, "O amador é a minha vida e faço isso com amor".
Nós batemos um papo com ele, franco, em que teve a oportunidade de expôr mais detalhes de sua carreira na arbitragem e a paixão que tem pela atividade. Falou também sobre pontos a melhorar no futebol em Bauru, sobre os seus erros, sobre os seus acertos e o porquê que ele deve receber uma nova oportunidade de trabalhar nos gramados da cidade. Vale a pena conferir!
- Quando e como ingressou no futebol amador?
Ricardo: Em 1997
conheci o Márcio Luiz Augusto; um grande amigo e melhor assistente que já vi trabalhar. Aí fiquei sabendo que ele trabalhava com arbitragem pela Associação de Árbitros. Então conversei com ele, que prontamente me ajudou a
iniciar no ramo e que também me levou para fazer meu primeiro curso. Em 1998 iniciei no amador com
o Sr. Ubiratan Silva que me deu grandes oportunidades e que me ensinou muito.
- Porque e quando escolheu apitar?
Ricardo: Comecei como
assistente, no qual tive a oportunidade de trabalhar com excelentes árbitros que
me ensinaram muito; tais como Elias Janeiro, Marcio Tragante, Paulo Venturine,
Orlando Claro, entre outros. Trabalhando com eles fui pegando o melhor de
cada um. Após sete anos atuando como assistente em seis finais no amador da extinta Liga Regional, comecei a apitar em 2004 nesta mesma Liga. Em 2005 fui para a Liga
Bauruense, e lá com os ensinamentos do Sr. Vicente Silvestre e do Sr. Carlos José Schiavo foi
quando despontei como árbitro. Naquele mesmo ano apitei as duas finais da segunda
divisão e a segunda final da 1ª divisão do amador.
- Trajetória na arbitragem
Ricardo: Antes da arbitragem, iniciei trabalho nos clubes em que fiz uma boa escola por alguns meses de 1997. Em 1998 trabalhava nos times e no amador de Bauru e também no amador de Piratininga. Apitei vários
jogos do amador estadual, bem como da Liga Regional. Tive a oportunidade
de trabalhar em um amador que marcou muito pela organização e grande público, que foi na Liga Regional e também Liga Bauruense. Em 2013 foi
quando cheguei no êxtase da minha carreira. Eu tive a oportunidade de apitar sete das oito finais que aconteceram em Bauru, sendo elas duas finais da Copa Golden Master, uma final da
Copa Semel, duas finais da 2ª divisão da LBFA e as duas finais do amador da 1ª divisão da LBFA.
- Jogos mais marcantes
Ricardo: É difícil descrever quais foram os jogos mais marcantes, porque 85% das partidas que apitei foram especiais; uma vez que sempre
fui escalado em jogos difíceis que se tornaram marcantes. Então não irei citar
para acabar não sendo injusto com os clubes que fizeram esses jogos serem assim.
- Já se envolveu como membro da diretoria de algum time?
Ricardo: Este ano de
2016 estava aberto a participar de um clube e até comecei. A função seria para treinador, porque para diretor não tenho o mínimo jeito. Mas por motivos
particulares não continuei. Até porque sinto que ainda posso contribuir muito na
arbitragem do amador, e sendo treinador me tiraria de fazer o que mais amo.
- Quais são as deficiências existentes no futebol amador atualmente e como poderiam ser melhoradas?
Ricardo: As
deficiências do amador vem primeiro pelas más condições dos campos de Bauru e pela
grande quantidade de equipes em utilizá-los. Infelizmente se formos
analisar o tanto de bairros e moradores da cidade, acaba exatamente por serem poucas equipes. Mas ainda falta muito em nossa cidade. Mais campos de futebol para
que possam atendê-los. Todo ano na Liga Bauruense há muito time querendo participar e (a Liga) não pode atender devido a falta de campo. Quem
está à frente da secretaria (de Esportes) deveria olhar um pouco melhor para isso. Já para a melhora de outras deficiências, teria que haver um bom senso de todos os envolvidos.
- Qual sua relação com os clubes e diretores?
Ricardo: Graças à Deus
sempre tive ótima relação com os clubes e os diretores. Claro que existe um ou outro
que a ignorância e a falta de conhecimento acaba passando dos limites e fica
difícil ter boa relação. Mas sou muito grato à todos diretores, treinadores,
torcedores e sem esquecer de árbitros e assistentes que nestes 17 anos
trabalhei.
- Como você vê a qualidade da arbitragem hoje?
Ricardo: A qualidade da arbitragem precisa ser medida com a disponibilidade de segurança que os árbitros têm para apitar. E se essa segurança não vem da Polícia Militar que não tem efetivo para colocar nos campos, precisa vir das equipes através de seus diretores. O árbitro com segurança apita mais tranquilo e isso consequentemente refletirá em um bom trabalho. O árbitro sem segurança vai falhar mais, pois às vezes o medo lhe trava de fazer aquilo que está dentro das 17 regras. Entre erros e acertos podemos dizer que a arbitragem é boa, mas poderá ser melhor caso aconteça o que disse.
- Principais erros e acertos e consequentes aprendizados
Ricardo: Tive muitos erros neste tempo. Mas o meu maior erro foi utilizar as redes sociais em um momento de emoção e escrever contra meus companheiros de carreira. Aproveito a oportunidade para pedir perdão para todos os árbitros e assistentes que se sentiram ofendidos pelo que escrevi. Já acertos tive inúmeros, mas infelizmente acabam ficando escondidos com apenas um erro que se comete.
- Por que você deve voltar a apitar no amador?
Ricardo: Porque ainda tenho muito para contribuir nos jogos do futebol amador. Porque amo apitar futebol amador, e faço isso da melhor maneira possível e impossível.
- Tem preferência por Liga?
Ricardo: Minha preferência é vontade, é estar dentro das 4 linhas e apitar. Na SEMEL ou na Liga Bauruense, o mais importante para mim hoje é estar apitando o amador; até porque irá ajudar muito em minha vida particular, uma vez que após parar em 2014 minha depressão piorou. Como disse, o amador é a minha vida e faço isso com amor.
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