Convertido e longe do álcool, volante França busca recomeço no futebol

Redação
Volante defende a equipe da Inter de Limeira no Paulistão da Série A-2
Foto: Edmar Ferreira 

Volante despontou no Paulistão de 2011 pelo Esporte Clube Noroeste e chamou atenção de grandes equipes do Brasil e do exterior pela força física, raça e disposição em campo.

Nascido na cidade de Bauru, mais precisamente, morador do bairro Nova Esperança, Wellington Wild Muniz dos Santos deu seus primeiros passos na escolinha de futebol AAB (Associação Atlética Bauruense), fundada pelo Elias de Souza, o Gererê, falecido no mês de fevereiro.

Ainda pequeno, Wellington possuía semelhança com o centroavante França, do São Paulo FC na década de 90 e devido a isso, acabou recebendo o apelido que carrega até os dias de hoje. Aos 27 anos, o volante que já foi atacante, foi revelado na categoria de base do EC Noroeste, subindo ao time principal, quando foi profissionalizado e ganhando notoriedade no Paulistão A-1 de 2011, transferindo-se ao futebol de Curitiba onde defendeu o Coritiba e posteriormente foi vice-campeão com o Criciúma no acesso da equipe catarinense à Série B do Campeonato Brasileiro.

"Quando comecei, com 13 anos ainda, era atacante. Quando fui para o Noroeste, um jogador se machucou e, naquela época, eu já estava bem avantajado fisicamente, e o técnico me colocou de volante. Eu fui bem e, consequentemente, acabei ficando de volante, me adaptei bem rápido" disse o volante em entrevista ao portal uol.

Chegada na Alemanha e Tuberculose

O bom desempenho chamou a atenção do futebol Alemão que levou o atleta para defender a equipe do Hannover 96 com contrato de 3 anos. Na chegada à Alemanha, França se juntou ao elenco, ganhando espaço e, quando estava prestes a estrear diante do Schalke 04, o volante teve febre alta e gripe forte, o que levou a ir no hospital quando foi constatado a tuberculose que tirou o jogador dos gramados por seis meses atrapalhando o ciclo europeu.
França fez contrato de três anos com time alemão mas permaneceu por um ano
Foto: Arquivo Pessoal

"Quando cheguei na Alemanha acho que estava -10 graus, e eu não era acostumado com o frio, estava nevando bastante, e as três primeiras semanas foram difíceis para a minha adaptação, pelo clima e tudo. Não conseguia terminar o treino, sempre saía antes, porque me sentia cansado e às vezes me dava febre. Até que na semana que eu ia estrear, contra o Schalke 04, amanheci com gripe bem forte, febre alta. Meu tradutor na época me levou para o hospital. O exame apontou que eu estava com uma mancha no pulmão e me levaram num hospital mais especializado. Detectaram que eu tinha tuberculose. Acabei ficando afastado por seis meses e perdi espaço. O frio foi um grande obstáculo para mim", ressaltou o jogador que recebeu apoio do zagueiro Thiago Silva que passou pelo mesmo problema de forma gravíssima quando chegou à Rússia.



O Felipe, que permanece no clube ainda, o Léo Bitencourt, o zagueiro Marcelo, que hoje joga no Lyon, o Felipe Santana, que na época jogava no Borussia, e o Thiago Silva, que me ligou e deu força pra caramba também. Ele lembrou o que aconteceu com ele na Rússia, foi um negócio mais sério, chegaram até falar que iam tirar um pedaço do pulmão, que ele ia parar de jogar, mas graças a Deus, Deus deu força para gente", afirma o volante.

Chegada ao Palmeiras

Depois de permanecer pouco mais de uma ano no Hannover 96 e sem reconquistar o espaço, o volante deixou a Europa e retornou ao Brasil após proposta da SE Palmeiras, clube no qual França se declara torcedor.
Após saída da Alemanha França foi contratado pelo Palmeiras por empréstimo
Foto: Gazeta Press

O retorno esperado pelo atleta poderia ser proveitoso, já estaria perto da filha, dos parente e amigos, porém a alavancada na carreira levaram França a ter contato excessivo com o álcool que passou a ser o responsável pela quada brusca na carreira do jogador.

"Eu estava emprestado ao Palmeiras até ao final de 2014, mas tiveram problemas extracampo, porque eu era teimoso e acabei brigando com a diretoria do Palmeiras e fui para o Figueirense. Mas hoje sou um homem transformado por Deus. Se fosse mentir para você, estaria pecando, então aconteceu, sim. Não compareci a alguns treinos devido até a minha fase, que estava boa, e acabei me deixando levar por amizades que não eram boas. Não conseguia treinar, não acordava no outro dia, então tive algumas faltas, sim", afirmou o jogador.

"Eu tinha problemas com bebida, porque eu bebia demais, não tinha limite. Eu bebia até o outro dia. É uma coisa que não combina com jogador de futebol. Jogador não, com atleta. Na verdade, jogador de futebol tem bastante, atletas são poucos, então isso não combinava e acabava que eu não treinava, me machucava, não acordava para ir aos treinos. Isso foi me prejudicando bastante. Quando joguei no Palmeiras, estava com 23 anos, novo, e nunca tinha vivido aquilo, um time grande, toda mídia, recebia convite toda hora. Acabei não tendo uma estrutura familiar perto de mim e me complicando nesta trajetória", acrescenta o jogador que foi abandonado pelos "amigos" e teve apoio no empresário Marcelo Lipatin para não encerrar a carreira.

Volante em atuação pelo EC Londrina na partida contra o Atlético Paranaense
Foto: Arquivo Pessoal

Após saída turbulenta do Palmeiras, França passou pelo Figueirense onde se tornou ídolo da torcida que o apelidaram de Sinistro pela maneira como o volante atua, sempre aguerrido e cheio de vontado contra os adversários. Fato esse que se deu pela rivalidade do Figueira com a equipe do Avaí.

Em Santa Catarina, o álcool falou mais alto novamente e França continuou a ter problemas depois que o jogador, embriagado, tentou tirar a arma da mão de um policial em uma casa noturna, sendo conduzido até a delegacia. Uma briga de trânsitou em Floripa, levou o jogador a ser hospitalizado após ser atropelado por conta de uma briga que se instaurou no local. Dois dias após o incidente, França foi desligado do clube.

França defendeu o Boa Esporte antes de chegar à Inter de Limeira
Foto: Gazeta Press

"Aquele acidente começou num jogo Figueirense e Avaí, em que a torcida do Avaí começou a pegar no meu pé. Eu tenho uma história linda no Figueirense, onde consegui me tornar ídolo. A torcida dava força para mim, aonde chegava era bem recebido. E começou uma rixa com o Avaí, mas isso ficou no passado, não vale remoer agora. Teve uma briga e me pegaram, acabei indo para o hospital, cheguei a sair por conta própria, e fui para a casa de um amigo. Mas já é passado. Eu fui bem lá, fiz alguns gols, tenho muito carinho pela torcida, e saí, porque, para mim, já não dava mais, o ciclo acabou. A gente entrou em acordo e decidi rescindir", recorda. 

Nova história

Em sua carreira, França já rodou o Brasil e defendeu equipes como o Londrina, Remo, Brusque, Boa Esporte e hoje defende as cores da Internacional de Limeira, que disputa a Série A-2 do Paulistão. Agora, após a conversão ao Evangelismo, França quer recomeçar os caminhos no futebol e retornar ao auge. "Me converti no final do ano passado e estou muito feliz por isso. Claro que tenho esse sonho, até porque se eu fizer um bom campeonato tenho certeza que volto para um time grande. Agora, se não tiver oportunidade, vou ficar. Mas hoje agradeço a minha família e, o meu objetivo, se Deus quiser, é subir a Inter de Limeira e mais para frente voltar para um time grande, porque eu sei que ainda tenho muito a jogar", completa ele, que é pai de duas meninas e está prestes a ter mais um filho com a esposa, agora um menino. 

2 comentários:

  1. É uma coisa que não combina com jogador de futebol. Jogador não, com atleta. Na verdade, jogador de futebol tem bastante, atletas são poucos, então isso não combinava e acabava que eu não treinava, me machucava, não acordava para ir aos treinos. Isso foi me prejudicando bastante. Quando joguei no Palmeiras, estava com 23 anos, novo, e nunca tinha vivido aquilo, um time grande, toda mídia, recebia convite toda hora. Acabei não tendo uma estrutura familiar perto de mim e me complicando nesta trajetória", acrescenta o jogador que foi abandonado pelos "amigos" e teve apoio no empresário Marcelo Lipatin para não encerrar a carreira.
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