Esporte e Saúde #22 - Treino em excesso: Riscos para crianças e adolescentes

Sempre quem deve orientar os exercícios é o profissional da área, o educador físico. A falta desses profissionais e treinos exagerados para satisfazer pais ansiosos, deixa de lado as orientações dos ortopedistas e pediatras em relação aos exageros desnecessários.
Alguns pais não aceitam derrotas dos filhos que começam a sentir o peso das competições e da pressão por bons resultados. Depois estimulam os excessos físicos, trazendo risco para a saúde e perda do gosto da criança para o esporte. Não são poucos ótimos atletas mirins, que desistem por estarem saturados das cobranças e dedicação exagerada necessária para vencer como atleta.
A adolescência é um período fundamental para a aquisição da massa óssea. Em adolescentes atletas, o pico de massa óssea pode apresentar maior incremento, em virtude do estresse mecânico imposto aos ossos pelo exercício físico praticado.
Existem consistentes pesquisas que confirmam que a atividade física moderada com suporte do peso, como corrida e saltos, têm impacto mais positivo sobre a deposição óssea (qualidade óssea) do que atividades que não necessitam do suporte do peso, como a natação.
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Entretanto, no período da puberdade, o exercício físico intenso nem sempre traz benefícios para os adolescentes, particularmente com relação ao crescimento esquelético. Alguns autores mostram que o treinamento de força intenso em adolescentes parece acarretar decréscimo nos níveis de fatores de crescimento, podendo comprometer a estatura final. Além disso, o excesso de atividade física também está relacionado a fraturas de estresse geradas por sobrecargas repetidas.
Com relação a treinamentos de força, a literatura cientifica não confirma as hipóteses de prejuízo a saúde ou ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. É prudente que técnicos e educadores físicos qualificados concordem em evitar grandes sobrecargas tensionais e volumes de treinamento. É fato que o exercício de força pode ser um poderoso estímulo ao crescimento e desenvolvimento ósseo.
É bom saber:
A Federação Internacional de Medicina do Esporte (FIMS) apresenta as seguintes recomendações:
- Antes de participar em um programa desportivo de competição, cada participante deve ser submetido a um exame clínico detalhado que garanta - por um lado - que somente crianças sem condições clínicas que representem riscos para a saúde sejam admitidas para o esporte competitivo, e que, por outro lado, represente uma oportunidade para um aconselhamento sobre os diferentes esportes e treinamentos existentes. É necessária uma supervisão médica cuidadosa e contínua, principalmente para prevenir lesões por excesso de carga ou de crescimento, que são mais frequentes nos adultos jovens.
- Além da sua tarefa meramente desportiva, o treinador tem uma responsabilidade pedagógica em relação ao presente e ao futuro das crianças a ele confiadas. Ele/ela deve conhecer os problemas especiais nas esferas biológica, física e social, relacionados ao desenvolvimento da criança e ser capaz de aplicar este conhecimento nos treinamentos.
- A individualidade da criança e as oportunidades para um maior desenvolvimento devem ser identificadas pelo treinador e tidas como um critério maior para a organização e elaboração do seu programa de treinamento. A responsabilidade sobre o desenvolvimento integral da criança deve estar acima das necessidades em termos de treinamento e competição.
- Se o "treinamento infantil" estiver sujeito a um controle médico e pedagógico, conforme indicado acima, pode trazer valiosas oportunidades de desenvolvimento para a criança. Contudo, se assumir a forma de um "treinamento para desempenho máximo" a qualquer preço, deve ser condenado rotundamente com bases éticas e médicas. Tampouco existe dúvida de que o que foi aqui exposto também se aplica amplamente aos adolescentes.
- As crianças devem ser expostas a uma ampla variedade de atividades desportivas, para assegurar que elas possam identificar os esportes que melhor se adaptam às suas necessidades, interesses, constituição física e capacidade. Isto tende a aumentar o seu êxito e prazer no esporte, reduzindo o número de abandonos. Não se deve estimular uma especialização precoce.
- Principalmente em esportes de contato, os participantes devem ser classificados conforme a sua maturidade, dimensões corporais, habilidade e sexo, não apenas com base em idade cronológica.
- As regras e a duração das partidas devem ser adequadas para a idade dos participantes e as sessões de treinamento devem ser relativamente curtas e estar bem organizadas. A sessão planejada otimiza a instrução quanto à atividade e habilidade e reduz ao mínimo o risco de lesão.
- O levantamento de pesos e o halterofilismo não devem ser recomendados antes do fim da puberdade.
- Eventos competitivos de corrida de distância excessivamente longa não são recomendados para crianças antes da sua maturação completa.
Enfim, pais, professores e técnicos estejam conscientes dos processos psicológicos e dos estresses experimentados pela criança que está envolvida em competições desportivas, pois a soma das habilidades motoras, as habilidades pessoais e as necessidades sociais da criança devem ser estimuladas através do esporte e não o contrario. E mais uma vez, sejam bem vindos a uma vida mais saudável!
Excelente texto, a iniciação precoce em jovens atletas com certeza é a principal forma de encurtar uma carreira esportiva.
ResponderExcluirParabéns aos idealizadores dessa iniciativa...
Olá Thiago, nosso muito obrigado!
ExcluirNós achamos fundamental destinar um espaço com dicas e diversas informações sobre a saúde em geral. Contudo, acreditamos muito no excelente trabalho que a nossa colunista Gisele Couto vêm realizando, responsável por abordar variados temas e de uma forma bem clara.
Obrigado por nos acompanhar, grande abraço!