Duas décadas, uma só camisa!

Por Juliano Gomes
Clebinho do Ouro em atividade no Estádio Silvio de Magalhães Padilha, "Padilhão"
Foto: Arquivo Pessoal

Emocionado, lateral-direito fala sobre a dedicação de mais de vinte anos ao futebol amador, registrando uma marca impressionante ao defender apenas uma equipe durante essa jornada.

Não é uma marca para qualquer pessoa, ainda mais se tratando de futebol amador onde o mesmo caminha a passos largo para o fim, ao menos na cidade de Bauru e assim resistiu o amor, pelo clube e pelo bairro de mesmo nome, o AC Ouro Verde.

Estamos falando de Cleber Alexsandro Pinto, 38 anos, lateral-direito e popularmente conhecido como Clebinho do Ouro, que passou sua juventude inteira defendendo a equipe de coração, onde fez parte da conquista do título da primeira divisão de 2004 diante do Independência, e acumulou acessos e rebaixamentos com a equipe, sempre com disposição. Paixão que começou, quando ainda jovem foi passar um período na base da equipe do SC Corinthians e voltando da Capital, nasceu esse amor pelo clube, vendo o pai atuar pela equipe, assim como Daniel Souza e outros fundadores da equipe.

Clebinho nos conta que sua estreia no futebol amador aconteceu no ano de 1998, quando enfrentou o ECCB, na derrota por 2 a 1 e lembra que nesse ano, a equipe era uma das mais fortes, mas não conseguiram avançar na competição.

Ao longo da carreira de atleta amador, Clebinho mencionou os tempos modernos do futebol amador em Bauru e ressalta a falta da essência, que era ver aletas lutando por seus bairros. "Avaliar é difícil, o futebol chegou em um auge que está duro de você achar um verdadeiro jogador de Bauru, como eu comecei. Antes tinha uma liga só, jogadores de fora quase não tinham e, os que tinham representava a sua vila" comenta e acrescenta: " Está cada dia pior".

Emoções

De acordo com seus números, não oficiais, Clebinho defendeu a equipe do Ouro Verde em 638 partida, anotando 7 gols, porém o fato mais marcante na carreira e na vida do jogador, foi no ano da conquista do título, quando na ocasião, a equipe necessitava da vitória no segundo duelo para ficar com a taça. A data de 12/12/2004 entraria para a história, uma vez que no dia da partida, o técnico da equipe Luiz Melo que comandava a equipe naquele ano, surpreendeu a todos os jogadores, levando ao vestiário, as mães e esposas dos atletas como forma de motivação.

Clebinho exibe troféu de campeão da LBFA em 2004 na sede social da equipe
Foto: Arquivo Pessoal

Emocionado, Clebinho falou do momento, lembrando que na época, seu filho e do atacante Nick eram recém-nascidos e isso fez com que o time entrasse em campo com uma postura totalmente ofensiva, "comendo grama" como mencionado pelo jogador, resultando na conquista do campeonato da primeira divisão da Liga Bauruense de Futebol Amador, sobre o Independência FC. "Emociona até hoje, só tenho a agradecer, esse é o melhor técnico que já vi. Um time simples, sem pagar ninguém chegar ser campeão!" exclamou.

Fim da carreira e experiência como treinador

Clebinho encerrou as participações nos gramados de Bauru na partida entre Ouro Verde e Prudência, realizado no Estádio Silvio de Magalhães Padilha, na Vila Giunta, mesmo palco em que o lateral-direito fez sua primeira partida como titular e com grande estilo, a equipe do Ouro Verde goleou o oponente pelo placar de 6 a 1.

"A despedida nunca é e não será como sempre quis, faltou muitas realizações  para alcançar, mas sempre confio em Deus que esse dia chegará, aliás o bom dessa "quebrada" é a amizade, aqui ninguém paga, mas quem joga ama, porque todos que jogaram aqui, tem o grande carinho dessa torcida que é a do Ouro" comenta.

Após o fim do ciclo de atleta, Clebinho foi anunciado como técnico da equipe, onde não permaneceu por muito tempo, mas ressaltou a alegria em poder comandar do banco a sua equipe de coração e disse apoiar a ideia para que outras equipes que se identifiquem com jogadores do mesmo bairro, deem a oportunidade de comandarem do lado de fora. "Agradeço a todos por essa experiência de ser treinador do Ouro, acho que todas as equipes mais antigas deviam dar oportunidade de ter um jogador da casa comandando sua "quebrada", o coração vai a mil! Hoje, apenas vi o Rincón do Indepa e eu", explicou.

Uma das formações da equipe do Ouro Verde em que o laeral-direito fez parte
Foto: Arquivo Pessoal

Sobre a atual realidade da competição em Bauru e de um modo geral, Clebinho nos falou seu ponto de vista e o que, ao seu modo de pensar seria essencial para voltar os velhos tempos. "Futebol amador hoje precisa melhorar muito, quem viu vários jogadores antigos jogar sabe. Antes, Bauru dava preferência para os jogadores daqui, hoje, metade do campeonato é com jogadores de fora, então fica difícil. Esses moles que estão chegando agora, só acho que poderíamos dar mais oportunidade para os da nossas "quebradas", enfatizou. Atualmente, Cleber faz parte da comissão organizadora da equipe, que tem ao seu lado, José Maurício Júnior, ou Júnior, que preside a equipe, além de ser irmão do Zagueiro Wellington Silva, que ganhou destaque defendendo a camisa da SE Palmeiras e tem o passe preso ao clube alvi-verde, defendeu a equipe do Mirassol na elite do Campeonato Paulista dessa temporada.


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